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Automático, manual ou remoto

Today is good day to die.

novembro 13, 2004

Senta, que lá vem a história. 

   Nos tempos em que a Internet fechava aos domingos, navegação era sinônimo de apenas um browser: NETSCAPE NAVIGATOR. Numa época em que a imensa maioria dos (poucos) usuários não fazia distinção do serviço (ou protocolo) WWW do restante dos recursos que a grande rede oferecia, o Netscape (16 bits) era tudo aquilo que se precisava pra caminhar nos primeiros passos rumo à imensa quantidade de informação disponível. Baseado no ainda mais jurássico MOSAIC, o Netscape era o ÚNICO navegador, e simplesmente era um suplício colocá-lo pra funcionar. Não havia ainda rede dial-up, e as conexões eram bravamente configuradas a partir do TRUMPETH. Mas a grande vantagem do Netscape era sua singular familiaridade de uso. Sua pesquisa era boa, havia os "bookmarks" e o cache que armazenava paginas já visitadas, economizando em tempo com as jurássicas discagens por modem (na melhor das hipóteses, 33.600. O tempo das conexões a 14 estava ficando pra trás, com as convalescentes BBS's). O Netscape trouxe para nosso cotidiano funcionalidades que hoje achamos absolutamente naturais, mas que eram, evidentemente, de vanguarda.
   Em outro lado, após o estrondoso sucesso do Windows 95, a Microsoft resolve dar de ombros a Internet, e tenta de todas as maneiras incutir em sua base de usuários o conceito do MSN (ou Microsoft NetWork), uma rede PRIVADA de informações que iria, digamos assim, rivalizar com a Internet acadêmica já existente, e com a comercial que estava então surgindo. Esta foi, sendo dúvida, uma das maiores asneiras mercadológicas da turma de redmond. Pressentindo que estavam perdendo terreno subestimando o potencial da Grande Rede, a turma de Bill Gates logo correu atrás e lançou a correção do Win95, tecnicamente chamada de OSR2. Nesta versão, além de uma série de correções de bugs (prática depois usual da MS a cada lançamento de seus paths de correções), o novo Win95 (versão B) vinha com o (então) novíssimo INTERNET EXPLORER, que oferecia um navegador gratuito já embutido no sistema operacional. Era aí o inicio da derrocada do Netscape.
   O Internet Explorer, ainda que copiado descaradamente na maior parte das funcionalidades de seu rival (a partir de certa data, o Netscape deixou de ser livremente distribuído e passou ao sistema de Shareware), era pesado, lento e muito, muito bugado. Mas mesmo assim, conquistou uma enorme parcela de usuários, pois era simplesmente distribuído na instalação do S.O., e como os usuários daquela época (e os destas também) não faziam a MENOR idéia do que era aplicativo, arquivo ou sistema, era bastante pratico já sair de sua lojinha com um PC pirata embaixo dos braços pronto pra navegar. Mark Andersen, o gênio por trás do Netscape, bem que tentou lutar contra o Leão. Mas depois de ficar absurdamente rico, desistiu e vendeu o NN para a AOL.
   Nestas alturas, depois de muito tempo comendo poeira na famosa `Guerra dos Browsers` (expressão que agora volta aos noticiários), a MS conseguiu então a liderança do mercado, ao lançar a versão 4 do IE. Ainda que os problemas no código fossem cada vez mais evidentes, e que o aplicativo ficasse mais e mais pesado a cada atualização, sem necessariamente trazer algum beneficio técnico com isto, o Netscape passou então a ser tratado como browser alternativo, e a liderança da MS cada vez mais absoluta. Já corria na justiça americana o processo por 'dumping', que alguns anos depois a MS perdeu e mesmo assim não foi penalizada (há uma ótima piada sobre isto do Saturday Night Live, fica pra outra hora).
   Já próximos à virada do século, surgem aqui e ali pequenas ilhas de concorrência, sinalizando que talvez a guerra ainda não estivesse plenamente ganha pela MS. Sai então um browser pequeno e leve, que cabendo num disquete pode ser facilmente distribuído, chamado OPERA. Mas talvez tenha chegado tarde, o domínio da MS era tal que ate hoje ela nem se abala. O Netscape, por sua vez, dava os últimos respiros, já prenunciando sua descontinuidade pela AOL (é muito fácil ficar xingando as grandes multis, dizendo isto ou aquilo de suas formas - nem sempre éticas - de operar no mercado. Mas a AOL, se um deus existir, tem que queimar no inferno. Não apenas pelo caso NN, mas principalmente por conta daqueles horrendos CD's de instalação fartamente distribuídos pelo mundo por muito tempo, além e claro da barbaridade feita com a NULLSOFT, criadora e mantenedora do Winamp, que acabou de ser descontinuado...).
   Mas...
   (sempre há um mas..)
   Mas, talvez ainda movido por alguma faceta de seu caráter ainda ligado aos primórdios tempos da Internet a lenha, Mark Andersen consegue fazer um acordo com a AOL (será que algum dia saberemos o que rolou nesta negociação?), e LIBERA seu código-fonte, para que a comunidade pudesse estudar e aperfeiçoar o browser. Surge então a ativa organização MOZILLA, que puxa para si a responsabilidade de manter o navegador ainda na ativa. A MS dá de ombros, e caga-e-anda pra nova comunidade surgida, pois sua liderança é absoluta, e ainda existem outros nichos do mercado a suplantar (comunicadores instantâneos, players multimídia, etc...).
   Tentando encurtar um pouco a historia, depois de algumas tentativas frustradas em emplacar uma nova versão do Netscape, a Mozilla.org percebe que a versão do NN 6 e 7 se tornam monstros pesados, com poucos atrativos (além da rédea curta da AOL) e que não modificam em nada o perfil do usuário médio, aquele que apenas abre o browser e sai navegando. Surge então uma dissidência do Mozilla, que se encarrega de montar um navegador simples, leve e que não tenhas as alardeadas falhas de segurança do I. Explorer. Este é o projeto FIREFOX (que primeiramente foi chamado de FIREBIRD, mas teve problemas com os direitos do nome e foi posteriormente mudado, ainda na sua fase RP).
   Portanto, hoje com 95% do mercado dos navegadores, a MS e seu produto Internet Explorer sofrem com suas falhas (um grande arremedo de aplicativo, que foi sendo adaptado aos diversos padrões do mercado), e com a alta popularidade que o IE possui, pois motiva cada vez mais que estudiosos, fanáticos ou mesmo simpatizantes (ou não) deste produto procurem brechas e falhas no código. Com um percentual tão alto do mercado, é natural que as brechas do Explorer sejam mais visíveis e visadas, já que nenhum nerd vai querer perder dias ou semanas pra descobrir um exploit pra um sistema que quase ninguém usa (ou você lembra de algum vírus pra OS/2?).
   E exatamente neste mês, a Mozilla.org anuncia sua versão definitiva pra o FIREFOX - 1.0. Baseado no sistema de navegabilidade do Netscape, o FireFox é um browser leve, rápido e com visual espartano. Mas...
   Mas... é uma merda!
   (porra, cara! Você conta toda esta historia pra depois dizer que o browser é uma merda?).
   Sim, o browser é uma merda. Tem ainda muito, mas muito chão pra conseguir desbancar a superioridade que o IE tem no mercado. E não apenas porque o produto é um opensource gratuito e a MS um monstro cuspidor de fogo. Mas principalmente porque o navegador é ruim, mas muito ruim mesmo. Existem centenas de plugins disponíveis no site dos desenvolvedores, mas a grande maioria das funcionalidades JA DEVERIAM VIR IMPLEMENTADAS! Ou você acha mesmo que um usuário médio vai até o site da Mozilla pra baixar e instalar (isto, quando acerta a versão) um plugin pra fazer o navegador abrir suas janelas em abas diferentes? Ou mesmo pra gerenciar seus bookmarks?
   Faço alguns testes com o Firefox muito antes do release final. Na maior parte das vezes, ou os plugins não puderam ser instalados, ou suas funcionalidades estavam aquém do que se prometia. Instabilidade, problemas no idioma e na abertura de alguns sites me fizeram ver que sim, o Firefox pode até prometer, mas esta muito longe de ser o Graal que a comunidade Nerd tanto deseja pra desbancar o domínio da Microsoft. Pode ser muito válida a iniciativa de montar um projeto deste, mas é bom arrumar a casa antes de tentar chamar o Golias pra briga, já que recentemente foram anunciadas 8 (!) falhas de segurança críticas no Firefox e família (Mozilla e Thunderbird). Então vamos correr atrás antes de atirar pedras no telhado de redmond.
   Pra finalizar: sou usuário do motor do Explorer há muitos anos. E você vai me perguntar, pequeno gafanhoto: que DIABOS é ser um usuário do motor do Explorer? Ser um usuário assim quer dizer que uso um browser que, apesar de agir independente e ter suas próprias funcionalidades, usa o engine do Explorer pra disparar o software. Este se chama MYIE2.
   Por isto, pequeno gafanhoto, se você tem um perfil de navegação seguro, é conservador nos sites que visita, sabe o que é um Proxy e um firewall e mantém seu AV e as atualizações de seu sistema operacional sempre em dia, eu te digo: não caia na onda da comunidade tecnológica, que está considerando o Firefox o novo messias. Experimente o MYIE2 (agora chamado de Maxtlon) e perceba como é bom ter o controle dos sítios visitados, das informações que entram ou saem de sua estação, e do absurdo controle de privacidade oferecido. Veja como é bom poder customizar sua navegação plenamente, ao invés de ficar preocupado em baixar plugins cretinos e pouco funcionais.
   E principalmente, fuja da boiada. Ou você acha que se o Firefox se popularizar, não será ele o próximo óbvio alvo dos desocupados?

 Posted by  efagaraz   @   01:23 

 

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